quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Conflitos em Jejum

Há alguns meses atrás, estava a passar por um problema familiar. Eu e a minha esposa temos 3 filhas pequenas com idades muito próximas: 12, 10 e 7 anos.
Tinha reparado que a minha esposa andava muito irritada, principalmente de manhã.
Birras de roupa, indisposição para banhos, pequeno-almoços demorados, lanches por preparar, mochilas com livros em falta, atrasos consecutivos ...
As coisas pareciam piorar a cada dia e apesar dos meus esforços em intervir para resolver discussões não parecia estar a resultar.
Pertenço a uma confissão religiosa cristã que incentiva as suas congregações a fazer jejum. É uma prática muita antiga de adoração em que alguém se abstém de comer e beber durante um período de tempo com um propósito espiritual em mente.
Durante esse tempo, procura-se sentir empatia pelos pobres e necessitados, contribui-se generosamente com alimentos ou dinheiro, medita-se sobre como ultrapassar um problema e tomam-se decisões importantes para a vida pessoal.
Pensei que este problema fosse meritório de jejum.
Jejuei especificamente para que a minha esposa ficasse mais paciente e não se irrita-se com tanta facilidade.
De Sábado para Domingo, depois de quase 20 horas a jejuar acordei às 5h30 da manhã sem sono.
A fome e a sede lembraram-me que estava a jejuar.
Sem qualquer disposição para dormir, preparei-me para o dia e fui ler para a sala. Olhei novamente para o relógio e eram 6h30 da manhã.
Habitualmente acordamos cedo ao Domingo para ir à igreja.
Decidi colocar uma música de fundo suave para ir acordando as crianças. À medida que foram acordando, ajudei-as a vestir-se e preparei-lhes o pequeno-almoço. Quando a minha esposa acordou as coisas já estavam encaminhadas.
Enquanto as crianças tomavam o pequeno-almoço voltei para a sala. Foi nesse momento que pensei: Serei eu o problema?
Durante semanas a fio, enquanto a minha esposa tratava de tudo eu simplesmente cuidava de mim e ficava como espetador. Por vezes até chegava a criticar a forma como as coisas eram conduzidas.
Nas nossas vidas a crítica deve ser eliminada e substituída pela curiosidade e pela vontade de ajudar.
A crítica repreende constantemente, a curiosidade faz perguntas.
A crítica procura o culpado, a curiosidade procura compreender os outros.
A crítica contrói ressentimento e atitude defensiva, a curiosidade constrói cooperação e confiança.
A crítica concentra-se no problema, a curiosidade concentra-se na pessoa.
A crítica faz com que os outros se sintam inferiores e menos confiantes, a curiosidade leva a soluções e conclusões em conjunto.
Até quando iremos pensar que o problema são os outros? Pensemos primeiro que a solução poderá vir através de nós.

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